No início do ano, uma discussão nas redes sociais, capitaneada pelo meu colega Raimundo Bentes, me chamou a atenção para o preço cobrado por uma prova da Adidas em Brasília: R$ 135,00, com a taxa de conveniência. A última prova de que participei aqui foram as 10 milhas Mizuno, ano passado, pela qual paguei R$ 75,00 e ainda tive que escrever nesta coluna sobre o erro grosseiro da aferição do percurso cometido pela organizadora, além da falta de água e esponjas no posto final de hidratação. Ou seja, pagamos e não levamos. Como todo cliente insatisfeito diante de uma prestação de serviço mal feita, deveríamos ter pedido algum ressarcimento. Melhor ainda: a organizadora deveria ter se desculpado e oferecido alguma compensação, mas é claro que nada disso aconteceu.
Diante de competições profissionais, que cobram por um serviço estabelecido em regulamento, estamos muito amadores como clientes. Aceitamos pagar qualquer preço e não reclamamos quando o serviço é meia boca. E pior: continuamos a comprar o mesmo serviço ano após ano. Há algo errado nessa história. Felizmente, parece que estamos acendendo uma luz no fim do túnel ao discutirmos o assunto.
É fato que a corrida de rua se transformou em reduto dos que buscam saúde, esporte, lazer e – por que não? – beleza. Há uma rotatividade cada vez maior dos praticantes. Muitos iniciam no esporte, participam de algumas provas, e depois desistem. Outros seguem carreira e avançam empolgados, buscando participar cada vez mais dos eventos esportivos. Por isso, existe um público sempre ávido por novidades na corrida que, a meu ver, mantém os preços das provas nas alturas e subindo. Para estas pessoas, é muito válido trocar uma conta do bar por uma inscrição; afinal, estão investindo em saúde.
Por outro lado, quem reclama é quem já tem algum tempo de estrada, está acompanhando o movimento de mercantilização da corrida e se antes participava de uma prova por semana para se manter em forma, encontrar a equipe, avaliar seu condicionamento ou simplesmente confraternizar, hoje já não consegue pagar essa conta e teve que reduzir o número de competições.
Mas, afinal, qual é o preço justo para uma prova? Apesar de sabermos que a resposta depende da expectativa, dos objetivos e da disponibilidade financeira de cada um, se formos tratar dos custos e do lucro para o organizador creio que existe um preço “correto”, “ideal”, que torna a competição justa para atletas e empresários. Esse preço há muito deixou de existir e está claro que os ganhos devem estar sendo exorbitantes. Isso sem falar que o serviço oferecido deixa muito a desejar: por este site ficamos sabendo de falta de água, falta de medalha, camisetas de péssima qualidade, erros na aferição do percurso, falta de segurança no trajeto e tantos outros problemas que ocorrem diuturnamente nas competições em Brasília.
Então fica a pergunta: o preço que estamos pagando pelas provas – sim, milhares de nós seguem firme bancando altas inscrições – é justo? Se não é, por que ainda pagamos? Qual a saída para continuarmos competindo em Brasília sem gastar mais de R$ 100,00 a cada prova? E como já disse antes, a consciência do preço correto de uma inscrição tem que passar pelos proprietários das assessorias esportivas, já que são eles os que mais levam alunos para as provas.
Perfeito isso, hoje em dia está muito caro mesmo, tem corridas com kits de qualidade, mas existem preços absurdos.. O ideal seria os corredores se juntarem e fazer uma "greve" contra esse tipo de prova, prova pra ricos mesmo!
ResponderExcluir