Sem acostamento, ciclistas que percorrem o trecho arriscam-se na ERS
O Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) autorizou o Executivo Municipal a construir uma ciclovia na ERS-734, entre o bairro Bolaxa e o balneário Cassino. A liberação aconteceu no último dia 12, quando o prefeito Alexandre Lindenmeyer, o vereador Rovam Castro (PT) e secretários do Município foram recebidos pelo diretor de Gestão e Projetos, Jaime Tonon, e engenheiros do Daer, em Porto Alegre. De acordo com o prefeito, a demanda é uma das prioridades da atual gestão, de melhorar a mobilidade urbana da cidade e entorno, no Município do Rio Grande.
Segundo informações do secretário do Cassino, Paulo Rogério Mattos Gomes, o Município já possui um projeto pronto para execução da obra. A ideia é construir uma ciclovia em saibro, com meio fio, parecida com a ciclovia da avenida Atlântica, no Cassino. A nova ciclovia terá cerca de 2,5 quilômetros de extensão, da ponte do Boloxa até a entrada do Cassino, e será instalada no canterio central da rodovia. O secretário informou que o projeto contempla ciclistas e pedestres. Entretanto, Rogério afirmou que o Daer colocou apenas uma condição para a liberação da obra: que a obra do Município seja adequada ao traçado do projeto original do Daer, para que o Departamento possa, futuramente, fazer intervenções de melhoria, atendendo ao projeto previsto na duplicação da ERS.
Segundo o secretário, o Daer ficou de repassar o projeto original para o Executivo até sexta-feira (19), entretanto, ainda não foi feito este repasse. Diante disso, Rogério disse que o Município entraria com pedido para agilizar o processo, para que, o mais rápido possível, possa-se readequar o traçado do projeto original e encaminhar os valores para a licitação da obra. De acordo com ele, as adequações no traçado do projeto não devem levar mais do que uma semana.
Moradores comemoram
O vereador Rovam Castro informou que a ciclovia ligando o Bolaxa ao Cassino é um anseio muito antigo dos moradores do Bolaxa, que se intensificou após a duplicação da ERS. De acordo com ele, antes da duplicação, os ciclistas percorriam os acostamentos, mas, com a duplicação, foram retirados os acostamentos e os ciclistas passaram a andar pela faixa, correndo alto risco de morte, inclusive andando na contramão.
Segundo o vereador, pelo menos três ciclistas morreram no trecho, nos últimos anos. Ele lembrou também que a associação do bairro já realizou dois protestos, fechando a passagem dos carros na estrada, para pressionar o Governo do Estado a realizar a obra contemplada no projeto da duplicação, mas sem sucesso, porque nenhum governo conseguiu ainda fazer a ciclovia. Por fim, Castro ressaltou o empenho do prefeito em insistir com o Daer pela liberação da obra. De acordo com ele, a atitude do prefeito foi decisiva para a concretização da ciclovia.
O Bolaxa possui, hoje, mais de 5 mil habitantes. Para os moradores do bairro, a notícia é muito boa. Para o empresário João Francisco Pires Torrada, proprietário de uma padaria no Bolaxa, às margens da ERS, a ciclovia vai melhorar a vida das pessoas, além de poupar um grande número de vidas. “Muitos vão de bicicleta para o Cassino, e os que não vão, têm vontade de ir”, informou.
No entanto, segundo ele, é um risco fazer o deslocamento de bicicleta pela faixa, tanto que já houve uma série de acidentes envolvendo ciclistas no trecho. Além do deslocamento para o Cassino, Torrada comentou que muitas mães também aproveitarão a ciclovia para buscar as crianças na creche, que será inaugurada em breve, nas imediações do Bolaxa. Ele disse também que essa ciclovia é uma luta antiga dos moradores do bairro e que chegaram a acontecer reuniões da associação dos moradores com representantes do Governo do Estado, mas nunca foi concretizada a ciclovia. “Foram tantas promessas que muita gente ainda não acredita”, comentou.
Já o vice-presidente da associação de bairro do Bolaxa, Ronaldo Castanheira, que é também proprietário de uma academia no bairro, situada na margem da ERS, afirma que a ciclovia, além de melhorar o acesso ao bairro, é necessária porque os moradores do Bolaxa são dependentes do Cassino. Segundo ele, os moradores do bairro vão sempre ao Cassino quando precisam ir ao banco, ao supermercado, à farmácia, à lotérica, entre outros. Ele afirma que os ônibus que passam pelo Bolaxa já vêm lotados, e o deslocamento acaba sendo um transtorno. Da mesma forma, os que vão de carro também serão beneficiados, segundo ele, porque poderão economizar combustível e ainda fazer uma atividade física. “Sem dúvida, uma ciclovia muda a cara da cidade, estimula o lazer e a qualidade de vida”, resumiu.
Castanheira também lembrou das promessas, das mobilizações, inclusive com apoio da Polícia Rodoviária, pela concretização da ciclovia e falou sobre a falta de segurança dos ciclistas e também dos pedestres no trecho sem acostamento. Ele disse, inclusive, que, depois que foi desativada a fiscalização eletrônica da velocidade nas proximidades do bairro, os carros não passam a menos de 80 km/h no local sinalizado para travessia de pedestres.
Além dos 5 mil moradores, Castanheira informou que o Bolaxa é uma bairro em expansão, com três novos condomínios se instalando, o que justifica ainda mais a necessidade da ciclovia. Por fim, o empresário contou que, pessoalmente, para o negócio dele, a ciclovia vem em ótima hora, uma vez que cerca de 90% dos frequentadores da academia moram no Cassino.
Por Tatiane Fernandes
Fonte: http://jornalagora.com.br/site/content/noticias/detalhe.php?e=3&n=74123
